
É fato que os EUA não escondem atrás de um manto santo que são imperiais naquilo que desejam. Mas, e a Alemanha, parceiro número um (1) dos EUA na Europa? Esta coloca-se num pedestal e enfatiza seus padrões de moral altos para seus parceiros e o resto do mundo, ela se apresenta como se fosse o maior expele para tais padrões.
Quando em Junho de 2013 o então funcionário da NSA Edward Snowden revelou como o serviço secreto dos EUA monitorizava as comunicações de massa em todo o mundo e a Alemanha se sentiu espionada, o alvoroço foi grande. A Chanceler repetia que “Ausspähen unter Freunden, das geht gar nicht” ou seja, “Espionar entre amigos não é coisa que se faça”. Publicações jornalísticas e outras surgiam aos montes. Uma dessas publicações especializadas foi a do Juíz de Direito no Tribunal de Justiça da cidade de Leipzig, Dieter Deiseroth. Logo no início ele faz sua analise sob o ponto de vista do direito internacional:
“Embora o direito à autodeterminação informativa só tenha até agora sido inadequadamente ancorado nos tratados internacionais de direitos humanos, as actividades de espionagem da NSA e dos seus aliados representam uma clara violação do direito internacional, que também pode ser punida utilizando os meios do direito penal alemão.” Fonte: Juíz de Direito no Tribunal de Justiça da cidade de Leipzig, Dieter Deiseroth, em Dieter Deiseroth // Sonderdrucke.
Em 05.10.2017, 14.36 hr a renomada revista Der Spiegel publicou uma matéria explicando que o Ministério Público Federal [da Alemanha] não encontrou nenhuma evidência concreta de espionagem do serviço secreto norte-americano NSA na Alemanha. O Ministério Público Federal já havia investigado se os serviços secretos britânicos e norte-americanos haviam coletado [de forma secreta] dados de telecomunicações em massa da população alemã. Concluindo, a autoridade não vê espaço para novas investigações por parte do Ministério Público. Ainda nessa matéria do Der Spiegel lê-se o seguinte: “De acordo com um comunicado do Ministério Público Federal, as investigações não encontraram evidências de que os serviços secretos [dos EUA] estivessem “monitorando ilegalmente, de forma sistemática e em massa, as telecomunicações alemãs e o tráfego da Internet”. Isto também se aplica a “comunicações realizadas através de cabos de fibra óptica que circulam na Alemanha”.”
Quem se ocupa com o estudo da história da Alemanha sabe que esta sempre demonstra ser perseguida e odiada quando ela mesma quer despistar de suas atividades ilegais ou intenções de prática-las. Enquanto ela se mostrava indignada com a suposta espionagem de seu parceiro número 1 no mundo, ela mesma e em parceria com os EUA espionavam mais de 100 países, dentre eles parceiros de longas datas como o Brasil. Mesmo assim, enquanto o mundo não sabe o quão mal a Alemanha se comporta até mesmo perante parceiros de longas datas, ela se atreve a se mostrar ou boazinha ou vítima. Mas tão logo a imagem de santa que a Alemanha gosta de manter, ela dá pra trás, como aconteceu em 1992 quando o maior e mais bem sucedido projeto de espionagem da Alemanha (BND) foi descoberto por ocasião do aprisionamento do vendedor da empresa-fachada com sede na Suiça, a Crypto AG, que foi preso na capital do Irã sob suspeita de espionagem. A Alemanha logo se viu se emaranhando no contexto de espionagem junto com os EUA e vendeu sua participação na empresa. Mais embaixo serão tratados detalhes desse assunto. O autor norte-americano Eric T. Hansen, radicado na Alemanha, comentou o seguinte numa entrevista ao “Tagesspiegel”, e eis um trecho dessa entrevista: “Aqui você se sente constantemente ameaçado pela perda da sua alma, da sua identidade e acredita que está sendo negligenciado […] Você adora a sensação de ser vítima ou ameaçado. Ou porque é mais dramático, ou porque os oprimidos estão em melhor situação do que o chefe da empresa em seu sedã de luxo, embora seja exatamente isso que os alemães são.”
Os brasileiros, tradicionalmente, inclusive muitos políticos do alto Executivo, Legislativo e gente do alto Judiciário acreditam cegamente nessa ladainha. Talvêz porque desta maneira é um comportamento efetivo para esconder que se vendem para as indústrias alemães, para em contra-partida facilitar a entrega dos potenciais de desenvolvimento do Brasil para ela se desenvolver economicamente, já que ela é fortemente dependente de muita coisa que o Brasil possuí. Não é a toa que é no Brasil onde a Alemanha construiu seu maior parque industrial do mundo e é no Brasil, também, que a Alemanha possui sua maior Câmara de Comércio Bilateral do Mundo, A AHAK-Brasil/Alemanha. Eu não culpo a Alemanha por nada disso. Que permite a sujeira dentro da própria casa é que merece ser cobrado por isso. A Alemanha defende seus legítimos interesses, e na competição internacional, sabemos que vale tudo, ate mesmo corromper que gosta de corrupção para fazer negócios. Duvido que a Alemanha deixe empresas brasileiras ou quem quer que seja, corromper em seu país. Os alemães protegem os interesses de seu país e de seu povo. Por isso eles mentem, subornam e fazem ate mesmo guerra. No Brasil enfraquece-se os brasileiros.
A Alemanha se sente vítima de espionagem pelo seu parceiro nr. 1, os EUA
Entre 2012 e 2018 houve um debate muito amplo na mídia sobre casos de espionagem na Alemanha. Em 2013 a Chanceler alemã, Angela Merkel, disse uma frase que ficou famosa: “Ausspähen unter Freunden, das geht gar nicht” ou seja, “Espionar entre amigos não é coisa que se faça”.
Em Janeiro de 2017 a Alemanha e a Suiça trataram de assegurar que não irão espionar um ao outro. No jornal alemão Süddeutsche Zeitung lê-se o seguinte: “Sem que o público percebesse, a Alemanha e a Suíça concordaram com o chamado acordo de não espionagem, que está em vigor desde o início do ano. Nele, ambos os países se comprometem a não espionar um ao outro. Segundo informações do Süddeutsche Zeitung, NDR e WDR, o acordo foi negociado em 2016 e assinado em janeiro de 2017. O “Memorando de Entendimento” entre os governos estabelece que ambos os estados devem se abster de espionar um ao outro. Além disso, as operações contra terceiros no outro país devem ser coordenadas: se o Serviço Federal de Inteligência Alemão monitora uma embaixada estrangeira na Suíça ou uma organização criminosa, ele deve ter coordenado isso com a Suíça previamente. O inverso se aplica ao serviço secreto suíço. O memorando vincula todos os serviços alemães e suíços.” Tem coisa cheirando mal nisso e logo mais adiante nessa matéria de hoje a coisa vai feder ainda mais para a Suiça e Alemanha, berços de Estado de Direito. Sobre os EUA ninguém precisa se espantar, pois os EUA não escondem-se por detrás de uma áurea de santo com o fazem principalmente a Alemanha, mas a Suiça também.
Desde 2013, quando o caso envolvendo ligações telefônicas grampeadas pelo serviço secreto dos EUA, a Agência de Segurança Nacional (NSA) veio a tona, que toda a mídia alemã, políticos, empresários, confederações da indústria, câmaras de indústria e comércio e até meros cidadãos nas ruas se expressam de forma indignada por causa da tremenda injustiça que os EUA, o parceiro número um (1) da Alemanha, cometem contra a fiel parceira deles, a Alemanha, praticando o crime de espionagem contra ela. A Alemanha literalmente se colocou em posição de vítima para se defender e apontar (com o dedo sujo) para os outros.
A mídia alemã começou a publicar casos de espionagem dos EUA, da Rússia, da China, etc. contra a Alemanha. Na Wikipedia, fortemente financiada pela Alemanha, foi publicado uma lista com todos os casos de espionagem contra a Alemanha desde a guerra fria, 1945 >>>.
Políticos alemães instauraram uma Comissão Parlamentar de Inquérito no ano de 2017 e a Chanceler alemã foi convocada a participar como testemunha. Na ocasião de seu depoimento, ela repetiu o que já havia declarado em 2013: “Espionagem entre amigos não é coisa que se faça”. O escândalo no contexto da espionagem da Alemanha pelo NSA dos EUA, aconteceu no âmbito das revelações do Whistleblower Edward Snowden, ex-agente do US National Security Agency (NSA).
O governo federal da Alemanha é informado sobre o trabalho operacional do BND
Um empregado do Departamento de História do BDN (Historisches Büro BND) informou ao autor desta matéria, dia 21.09.2022 que: „Como regra geral, o Serviço Federal de Inteligência não comenta publicamente assuntos relativos ao trabalho operacional. O Serviço Federal de Inteligência informa sobre isso, em particular, o Governo Federal e os comitês responsáveis do Bundestag alemão, que se reúnem secretamente.“ Todo chefe do Poder Executivo da Alemanha está sempre bem informado sobre o trabalho operacional do serviço de inteligência (serviço secreto) de seu país e ele bem como ministros e secretários de estado envolvidos em negociações com o exterior recebem as informações que lhes colocam em posição de tomar decisões em favor de seu país. Angela Merkel sabia que seu serviço secreto estava espionando não somente o Brasil, mas também outros (cerca de 130 parceiros de negócios dela). Houve a Operação Eikonal
Operação Rubikon
Em junho de 1970, a Agência Federal de Inteligência Alemã (Bundesnachrichtendienst – BND) em parceria com a Agência Central de Inteligência Estadunidense (CIA), comprou secretamente o fabricante suíço de máquinas de codificação criptografada, Crypto AG. Como uma das empresas mais conceituadas do mercado, a Crypto AG tinha estados estrangeiros, executivos e militares entre os seus clientes, permitindo às agências de inteligência dos EUA e da Alemanha Ocidental acesso sem precedentes a uma enorme gama de informações confidenciais e conhecimento prévio de alguns dos eventos mais significativos do século 20.
A Operação Rubikon é considerada a operação de espionagem de maior sucesso de todos os tempos do serviço de inteligência alemão, (Bundesnachrichtendienst -BND). Em 1 de Abril de 1956, esse serviço secreto da Alemanha para espionagem no estrangeiro passou oficialmente a existir substituindo sua organização antecessora, a “Organização Gehlen”, que foi criada em 1946 e temporariamente financiada pelos EUA, conforme afirma o jornal Luzerner Zeitung em um artigo online do dia 11.02.2020. O precursor do BND, a chamada Organização Gehlen, realizou sistematicamente espionagem política interna ilegal nos primeiros anos da República Federal, com grande probabilidade isso está relacionado com os alemães que serviam ao III Reich e que depois de sua aniquilação sistematicamente passariam a servir nos três poderes do novo estado alemão que viria a ser uma democracia (a atual Alemanha ou República Federal da Alemanha foi fundada em 1949).
Segundo a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, „…amigos não deveriam espionar uns aos outros“. Em Fevereiro de 2020 estourou o Escândalo da Operação Rubikon „descoberto“ através de pesquisas jornalísticas ente o US Washington Post e a alemã ZDF e tornou claro que a Alemanha e não somente os EUA e o Reino Unido pratica espionagem em masse e sem escrúpulo.

Richard Aldrich, Professor de Segurança Internacional no Departamento de Política e Estudos Internacionais da Universidade Britânica de Warwick, descreveu a “Operação Rubikon” no programa de TV da alemã ZDF “Frontal21” como “provavelmente a operação de serviço secreto mais importante da história”. Foi a operação de espionagem mais importante da história e uma das “mais ousadas” e “mais escandalosas”. Os parceiros da Alemanha e dos EUA confiavam nos seus tradicionais parceiros e na reputação do “Made in Switzerland”, pagaram fortunas pelas máquinas e, sem saber, entregavam todos tipo de informação sobre seus planos econômicos, militares, etc. enfraquecendo a si próprios na competitividade com as empresas alemães e dos EUA. Só no Brasil surgiu o maior parque de empresas alemães do mundo na época em que foi espionado e nesta mesma época realizou grandes projetos financiados sobretudo com dinheiro de bancos alemães. Um grande projeto realizado nesta época foi o projeto nuclear brasileiro realizado pela alemã Siemens KWU.
Em 1992 a Operação Rubikon começou a vir à tona.
O Washington Post, dos EUA, e a alemã ZDF, da Alemanha, tiveram um trabalho de pesquisa relativamente tranquilo, pois a operação Rubikon já estava vindo à tona como um parto que não mais podia ser prolongado. Antes das revelações do Washington Post e da ZDF, parte da história clandestina dos laços de inteligência dos EUA/Alemanha com a Crypto AG tinha vazado em pedaços ao longo dos últimos 40 anos.Em 1992, o representante de sucesso de vendas da Crypto AG, Hans Bühler, foi preso de surpresa em Teerã, ficou preso por 292 dias e os interrogatórios dele levaram o governo do Iran a ficar desconfiado com a empresa suiça Crypto AG. Desde então, surgiram rumores sobre a cooperação entre esta empresa e os serviços secretos da Alemanha e dos EUA. O Estado iraniano já tinha suspeitas muito tempo antes de 1992 quando prendeu o melhor vendedor da Crypto AG. Hans Bühler, então com 51 anos nem mesmo sabia que as máquinas de criptografia que ele vendia possuíam uma porta de espionagem e estavam sendo usadas para espionagem e ele era o homem de frente da empresa Crypto AG. Ele era inocente nessa operação de aparência suiça, mas de fato pertencente à Alemanha e aos EUA. Bühler estava em um apartamento particular de Teerã conversando com dois oficiais do exército iraniano quando foi surpreendentemente preso e acusado de espionagem. Ele foi libertado graças ao pagamento da fiança ao Iran pelos alemães.
Conforme uma matéria do jornal suíço Luzerner Zeitung do dia 11.02.2020 pensava-se que a Crypto AG tinha pago a quantia de um milhão de francos suíços. Porém, documentos publicados pelo Washington Post mostram que o dinheiro veio direto do Serviço Federal de Inteligência Alemão (BND). A rápida libertação de Bühler havia se tornado demasiadamente importante para a Alemanha, pois ele estava reagindo cada vêz mais abertamente às perguntas interrogatório dos oficiais do Iran e isso poderia levar a imprensa ao conhecimento da Operação Rubikon e assim destruir a imagem de país correto que a Alemanha tanto mantinha mundo afora. A CIA não se importou com o caso e não pagou um centavo alegando não pagar dinheiro para libertar refém. Os alemães, então, se apressaram em retirar Bühler do poder dos iranianos e recorreram ao tesouro do estado para receber a milionária quantia exigida pelo Iran.
Bühler, mesmo antes de retornar ao seu país, teve que assinar um documento na prisão de Teerã afirmando que sua empresa não tinha responsabilidade legal. E exigiram que ele não falasse sobre o caso. Bühler ficou desconfiado, começou a pesquisar e a se manifestar na mídia local da suiça. Ele se sentiu traído e pagando um preço muito alto. Bühler estava traumatizado com os 292 dias de prisão e interrogatórios aos quais foi submetido no Iran sem entender o que estava se passando com ele. Em Janeiro de 1993 ele retornou ao seu escritório na Crypto AG e foi recebido por colegas com uma festinha de boas-vindas, mas a Crypto AG o demitiu apenas um mês depois. Pouco depois, Bühler disse ao jornal “Schweizer Illustrierte”: “tenho novas informações de que meu antigo empregador dirigiu um serviço de inteligência durante anos”. A Crypto AG tomou medidas contra a Bühler por danos à sua reputação. O tribunal distrital de Zurique proibiu Bühler de fazer quaisquer comentários adicionais. Posteriormente, as duas partes chegaram a um acordo extrajudicial e Bühler permaneceu em silêncio a partir de então. Bühler faleceu em 2018. A Alemanha vendeu sua participação à CIA se retirou da cooperação com os EUA em 1994.
Em Fevereiro de 2020 com a publicação do Washignton Post e o documentário da ZDF foi revelado em massa o que já era conhecido e estava se tornando mais conhecido ainda. Foi como se a erupção de uma vulcão ativo e de tempos em tempos expurgando larva finalmente tivesse acontecido. A operação de espionagem do serviço secreto alemão e dos EUA – Operação Rubikon (1970 até 1993) não pode mais ficar escondida, pois estava se tornando cada vêz mais evidente. Antes que isso viesse à tona sem algum lucro midiático, dois órgãos da mºidia dos países espionadores, Alemanha e EUA, fizeram um extensivo documentário, cada um à sua maneira. De Fevereiro de 2020 até Abril de 2020 essa operação foi amplamente divulgada, mas desde Maio de 2020 quase nada mais foi publicado sobre o assunto. Nem o leitor mais astuto e sedento por informações, encontrará alguma matéria de jornal depois de Abril/Maio de 2020. Publicou-se bastante até o início da primavera do ano 2020, depois, como se por uma “ordem de cima”, encerraram-se as publicações.
No Brasil, o assunto nem mesmo foi tratado na mídia tradicional. Nem mesmo o estado brasileiro com seus três poderes interessou-se em debater o assunto no Poder Legislativo ou em instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para averiguar o problema e os danos causados ao Brasil e sua população.A Operação Rubikon é tida como o maior sucesso de espionagem do serviço secreto alemão. Cerca de 130 países foram espionados por décadas. O envolvimento da indústria privada levanta ainda mais questões para os estudiosos ponderarem. Muitos dos principais funcionários civis da Crypto AG vieram transferidos da Siemens. A empresa de tecnologia alemã também forneceu designs para colocar e ocultar a manipulação de dispositivos. Apesar de um passado reprovável durante o III Reich alemão, a Siemens já havia se tornado em uma respeitada pioneira em telecomunicações na década de 1950. A empresa desfrutava de um relacionamento especial com o BND da nova Alemanha, fundada em 1949. A experiência da Siemens também permitiu certas produções para a Crypto AG bem antes e durante a Operação Rubikon, mas a Siemens não foi a única empresa alemã de tecnologia intimamente inter-relacionada com o serviço secreto alemão, o BND. Empresas como a AEG Telefunken, ANT, Rohde & Schwarz (R&S) e Tele Security Timmann (TST) estavam todas desenvolvendo tecnologia de criptografia e todas eram controladas pelo BND, conforme informou o Knowledge Centre da Universidade de Warwick na Inglaterra, no Reino Unido em um artigo sem data em sua página de internet. Isto ilustra a associação crucial entre as agências de inteligência e estas empresas, mas também a importância da Alemanha para os avanços criptológicos. Estas actividades de inteligência alemãs puseram abaixo o mito de que inteligência no campo da criptografia estava centralizada nos EUA com a NSA ou na Grã-Bretanha com o CGQC (Government Communications Headquarters).
Qual o lucro da Alemanha espionando o Brasil?
Enquanto a Alemanha veementemente se protege, instaura até mesmo Comissão Parlamentar de Inquérito e convoca a Chanceler para depor, por mais que isso seja somente um gesto político e de oposição para ganhar pontos perante a população, no Brasil nem mesmo isso aconteceu. Pensar e tomar medidas para obter não somente a devolução das fortunas investidas nessas máquinas de alta tecnologia, com também obter uma indenização pelas consequências destrutivas dessa espionagem, não foi o caso de nenhum dos três poderes do Estado brasileiro. A década de 70 foi tão difícil para o Brasil pois ele altamente se endividou e gerou uma hiper-inflação, que a década de 80 foi a década perdida para o Brasil. Quantas existências de famílias inteiras não se perderam!
Os historiados e outros estudiosos irão esclarecer no futuro, quais consequências, além do dinheiro investido nessas máquinas de espionagens, quais vantagens a Alemanha e os EUA adquiriram espionando o Brasil. O Brasil era o maior parceiro de negócios da Alemanha e dos EUA na América Latina nas décadas de 70 e 80, justamente quando o Brasil e os brasileiros atravessavam uma das maiores crises econômicas de sua existência e estavam sendo enfraquecidos economicamente através da espionagem da Alemanha/Siemens e CIA/Motorola que usaram o território suíço para suas ações criminosas contra um parceiro que a Alemanha mesma declara ser um amigo histórico e criou a imagem entre os brasileiros de ser um parceiro verdadeiramente amigo dos brasileiros e do Brasil.
O jorna suíço Neue Zürcher Zeitung publicou no dia 14.02.2020 uma matéria entitulada:
“O Serviço Federal de Inteligência está no centro dos «Crypto-Leaks»: o caso ainda não é um grande problema na Alemanha, mas questões explosivas precisam ser esclarecidas. Os «Crypto-Leaks» lançaram uma nova luz sobre o BND. O serviço secreto agiu de forma excepcionalmente impetuosa nas décadas de 1970 e 1980 e, juntamente com a CIA, espionou cerca de uma centena de países.“

A mídia e os experts em segurança, direito internacional, etc., que entre 2013 e 2019 falavam em público e escreviam com repúdio no contexto do escândalo de espionagem da Alemanha pelo NSA estavam fortemente enojados com o crime que estavam cometendo contra a Alemanha. A Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que falou em 2013 e 2017 que “…amigos não deveriam espionar uns aos outros” se calou, pois agora veio a público o que não deveria ter vindo. Mas esse enojamento em massa de cidadãos, políticos e experts é um jogo de poder antigo da Alemanha como estado, desde 1792.
A Alemanha é uma mestre secular em espionagem
O professor alemão de economia política, Dr. habil. Harry Nick, escreveu um artigo no jornal Nova Alemanha (Neues Deutschland) em que ele afirma que o publicitário Peter Schweizer relatou em seu livro “Friendly Spies” que “o BND encomendou agentes disfarçados para espionar instituições e empresas de pesquisa nos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Itália.” Ainda segundo ele, “a Alemanha é o país que menos tem razão para fazer declarações moralizantes sobre espionagem. O maior caso de espionagem industrial foi o roubo de todas as invenções importantes da primeira revolução industrial pela Prússia/Alemanha na Inglaterra, berço de todas as tecnologias-chave do início da era industrial: sobretudo a máquina a vapor, a máquina de fiar e o tear mecânico.” Os pesquisadores leigos e profissionais devem recordar que a Alemanha se industrializou muito tarde, em comparação com as nações já industrializadas na Europa. Porém, em contra-partida, ele se industrializou em tempo recorde se tornando uma super-potência econômica e militar na Europa. Ela fez uso extensivo e intensivo de espionagem para ganhar tempo e vantagem competitiva-comparativa.
No dia 23.08.2022, a WDR TV, membro da rede de TV do estado alemão, publicou um artigo em comemoração à primeira locomotiva a vapor da Prússia/Alemanha, que entrou na ativa em 22.08.1785. Neste artigo a WDR informa que o rei prusso, Frederico – O Grande, enviou um engenheiro (Karl Friedrich Bückling), sua pessoa de alta confiança, para a Inglaterra com uma ordem especial para realizar espionagem industrial na empresa Boulton & Watt. O rei prussiano estava de olho na máquina a vapor dos inglêses. Por isso Bückling tinha a incubência secreta de espionar o princípio da máquina a vapor inventada por James Watt para replicá-la na Alemanha. O espião alemão trabalhava disfarçado de esquentandor de forno de carvão nesta fábrica inglêsa e ele conseguiu roubar desenhos da locomotiva inglêsa. Mas a construção do trem alemão foi de má qualidade, o cilindro para o vapor do trem era mal refrigerado. Após um curto período de tempo funcionado, a caldeira explodiu. Bückling, o espião alemão e homem de confiaça do rei Frederico precisou voltar para a Inglaterra e espionar mais e melhor para que a Alemanha obtivesse sucesso no seu avanço industrial.
Segundo a jornalista alemã, Johanna Lutteroth, num artigo seu na página Narkive Newsgroup Archive (data: há 10 anos no dia de minha consulta), que durante a revolução industrial, os empresários alemães olhavam para a Inglaterra com inveja. Os britânicos desenvolviam uma sensação técnológica após a outra. Era a hora dos espiões industriais alemães entrarem em ação, pois a Alemanha jamais aceita ficar atrás de seus rivais naturais por muito tempo sem fazer nada contra tal situação. Os agentes alemães contrabandiavam know-how para o a Alemanha de maneira as mais aventureiras possíveis.
Segundo o professor H. Nick, o estado inglês, que montou o primeiro escritório de patentes moderno em 1624, proibiu rigorosamente o licenciamento, a emigração de mestres da indústria e até de operários para evitar que as invenções inglêsas fossem copiadas. Na Alemanha, a revolução industrial começou somente meio século mais tarde do que a inglêsa. A Alemanha se apressou em roubar as tecnologias-chave da Inglaterra. Os britânicos dificultaram a entrade de estrangeiros ao país, principalmente alemães, pois a fama de serem espiões se espalhou no país. Somente aqueles que pudessem comprovar as melhores credenciais ou cartas de recomendação de mais alta autoridade ainda tinham a chance de ver uma fábrica por dentro. A porta de entrada do país era batida na cara do resto que queria entrar sem altas credenciais. Somente com manobras enganosas os alemães alcançavam seu destino no país das novas tecnologias.
Campeã mundial de espionagem industrial – a Alemanha
“Ainda hoje a Alemanha continua sendo a campeã mundial de espionagem industrial de todos os tempos, porque tal façanha [de tão grande que foi] não tem como ser repetida”, afirmou o professor de economia política H. Nick em seu artigo.
Pesquisas sobre a Operação Rubikon na Alemanha
No ano 2022, o autor dessa matéria, entrou em contato com o próprio serviço secreto alemão (BND), a Comissão de História do BND e a Universidade de Colônia na tentativa de obter material informativo sobre essa operação de espionagem, mas sem sucesso.
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O Professor Dr. habil. Harry Nick foi chefe da área de pesquisa “Problemas econômicos e sociais do progresso científico e técnico” do Leibniz Institute for Economic Research da Universidade de Munique e.V. e trabalhou nessa função até 1990. Ele faleceu em 07.12.2014 em Berlim.
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Fontes literárias:
https://www.deutschlandfunk.de/vom-sinn-des-opfers-100.html
BND und CIA sollen jahrzehntelang mehr als 100 Länder abgehört haben, https://www.spiegel.de/ausland/operation-rubikon-bnd-und-cia-sollen-jahrzehntelang-mehr-als-100-laender-abgehoert-haben-a-28b37eb3-4287-484d-9ddf-d7efc4bb5902
Luzerner Zeitung: https://www.luzernerzeitung.ch/schweiz/im-iran-verhaftet-geheimdienst-affare-rehabilitiert-schweizer-crypto-mitarbeiter-ld.1409070
Neue Zürcher Zeitung: https://www.nzz.ch/international/crypto-leaks-der-bnd-steht-im-zentrum-der-affaere-ld.1540605
Monopolisiertes Wissen, https://www.nd-aktuell.de/artikel/215705.monopolisiertes-wissen.html, data da publicação , data da consulta na internet 23.08.2022
“Preußens Plagiare” (Industriespionage!), https://de.sci.physik.narkive.com/W5xReCyh/preuszens-plagiare-industriespionage, data da publicação “10 anos atrás”, data da consulta na internet 23.08.2022
The Washington Post: https://www.washingtonpost.com/graphics/2020/world/national-security/cia-crypto-encryption-machines-espionage/
ZDF: https://www.zdf.de/dokumentation/zdfinfo-doku/operation-rubikon–100.html
Warwick Universität, Knowledge Centre: https://warwick.ac.uk/newsandevents/knowledgecentre/society/politics/operation_rubicon/#:~:text=Operation%20Rubicon%20was%20one%20of,carried%20out%20in%20utmost%20secrecy.
WDR: 23. August 2005 – Vor 220 Jahren: Preußens erste Dampfmaschine in Betrieb, https://www1.wdr.de/stichtag/stichtag1388.html, data da publicação , data da consulta na internet 23.08.2022

Foto: Wikicommons/Willi Geiselmann/CC BY-SA-3.0